domingo, 11 de setembro de 2011

O Grito dos Excluídos - o que é


O Grito dos Excluídos é uma manifestação popular que surgiu a partir do desejo das Pastorais Sociais de trabalharem cada vez mais articuladas, a fim de atuar mais eficazmente diante da situação de exclusão social crescente no Brasil. Esta preocupação foi levantada após a Segunda Semana Social Brasileira, em 1994. O evento soma-se à Romaria dos Trabalhadores, que já vinha acontecendo em Aparecida-SP desde 1987. Articulado com a ação pastoral da Igreja no Brasil, ele retoma e aprofunda o tema da Campanha da Fraternidade, realizada anualmente durante a Quaresma.

Quando acontece?
Esta manifestação acontece no dia 07 de setembro, dia da Pátria, quando o Brasil comemora oficialmente sua independência de Portugal. A data tem razão de ser porque as pastorais sociais e os movimentos populares, em geral, entendem que o Brasil ainda não é uma país independente, no verdadeiro sentido da palavra. Independência para nós significa trabalho para todos, educação e saúde de qualidade, moradia, alimentação, acesso aos bens culturais. O País só será independente quando todos os cidadãos tiverem os direitos respeitados e as suas necessidades básicas atendidas.


Histórico
O primeiro Grito dos Excluídos, realizado em 1995, teve como lema “A Vida em Primeiro Lugar.” Aconteceu em cerca de 180 cidades. Realizado de forma descentralizada, suscitou boa participação e muita criatividade. Foi expressão da voz dos excluídos, criou laços de solidariedade e fortaleceu a esperança. Além disto, denunciou a concentração da terra e da renda, a política que gera o desemprego, a corrupção e a política neoliberal. Entre outras coisas, reivindicava a democratização da propriedade e do uso da terra, a distribuição da riqueza, da renda e um projeto de sociedade construído com ampla participação popular.

O segundo Grito dos Excluídos foi realizado no dia 07 de setembro de 1996, em mais de 300 cidades. Em Aparecida- SP, juntamente com a Romaria dos Trabalhadores, reuniu mais de 80 mil pessoas. Tendo como lema “Trabalho e Terra Para Viver”, quis ser um ato de fé no Deus da Vida, um grito profético por justiça e paz, denúncia contra o desemprego estrutural, além de buscar saídas para a situação de exclusão social e criar laços de solidariedade e fortalecer a luta e a esperança. Denunciou o processo de globalização que agravava a concentração, a posição das elites que vêem o desemprego estrutural como um “mal necessário”, o sacrifício de vidas humanas para salvar planos econômicos, a falta de uma política agrícola e a degradação do meio-ambiente.

O Grito dos Excluídos de 1997, com o lema “Queremos Justiça e Dignidade”, vai denunciar os abusos do sistema carcerário, a violência policial e o poder Judiciário, e ainda clamar contra a injustiça, pelos direitos dos presos, pela reforma agrária, pela demarcação das terras indígenas e contra o modelo de desenvolvimento econômico que gera desemprego.

É importante destacar, neste processo, a ampliação das parcerias. Se os Gritos de 95 e 96 foram coordenados somente pelas pastorais sociais em colaboração com outras entidades, o de 1997 deu um passo importante para consolidar as parcerias. Além das dez pastorais sociais e dos três organismos que compõem o Setor Pastoral Social da CNBB, fazem parte da coordenação nacional o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a Central Única dos Trabalhadores e a Central dos Movimentos Populares e outros. Nas diferentes regiões e municípios as parcerias se diversificaram ainda mais, articulando várias Igrejas cristãs, organizações não governamentais, movimentos sindicais e populares significativos.

Por: Dora Santana

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