“Era uma noite fria e estava garoando. Por volta das 22 horas, ao
terminar o encontro bíblico na comunidade de São Marcos, situada na zona leste
de São Paulo, retornávamos para a zona sul, região de Santo Amaro. No caminho,
antes de entrar numa grande avenida, enquanto esperávamos o semáforo abrir,
aproximou-se uma criança pedindo uma moedinha. A frágil menina devia ter entre
5 e 6 anos. Demos-lhe o lanche que recebemos no encontro, e a menina saiu
correndo. Olhamos pelo retrovisor do carro, e vimos uma cena impressionante. Em
vez de comer, ela foi dividi-lo com as outras crianças. (Revista Vida Pastoral
da editora Paulus)
Esse relato está repleto de
ternura e beleza. É a manifestação da presença tênue e silenciosa de Deus no nosso
caminhar... No gesto de partilha da
criança a rua transformou-se no templo sagrado da presença do Pai.
Seguramente, é a concretização do evangelho no meio dos homens. É a pequena
semente do reino do Pai lançada no chão duro da vida, mas, carregada de energia
para crescer e dar frutos. É o despertar da esperança de uma sociedade
mais fraterna. O faminto que partilha seu
único pão faz re-florescer
a beleza do milagre da multiplicação dos pães...
Tal gesto anuncia que a bondade
e a benquerença ainda existem, principalmente, no meio dos mais sofridos. Essa atitude sacramental nos faz
recordar a grandeza da partilha, valor esse esquecido pelos afazeres do nosso
dia-a-dia. As ações concretas de
solidariedade falam mais fortemente do que todas as doutrinas e ensinamentos.
É que elas atingem diretamente a alma e o coração. Com certeza, o circulo
bíblico daquelas pessoas aconteceu, mais profundamente, ao serem tocados pela
partilha do único pão daquela criança.
A vida nos oferece, a todo
instante, inúmeras oportunidades de acolhimento e de bondade. Na família, no
trabalho, na rua, enfim, somos convocados, constantemente, a sairmos da
indiferença para irmos ao encontro dos outros. Um sorriso, uma palavra de
ânimo, um abraço, o ombro amigo e o coração aberto para quem está sofrendo. São
essas pequenas atitudes que nos transmitem o sentido e a alegria de viver... Se
pensarmos bem, os momentos de maior alegria da nossa vida estão alicerçados nos
nossos gestos de acolhimento e solidariedade.
É importante cultivarmos a
sensibilidade, que nos faz perceber as ações de bondade presentes ao nosso
entorno. Tais gestos, muitas vezes, passam despercebidos ao “olhar” do nosso coração. A nossa vida
é tecida por essas pequenas atitudes de bondade e ternura. No encantamento e na
vivência desses valores encontramos a paz, a serenidade e a presença amorosa do
Pai.
João Bosco de Carvalho
(Belo Horizonte-MG)
(Belo Horizonte-MG)
Contatos: cassiojoao@bol.com.br
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