quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Honra e Respeito para o Haiti

No Haiti, ao cumprimentar-se não se diz “bom dia, bom dia” como aqui no Brasil, uma pessoa diz “Honra” e a outra responde “Respeito”, isso reflete os valores daquela sociedade que se indigna no menor sinal de injustiça.

Mas no olhar estrangeiro o Haiti continua sendo alvo de observações humilhantes, tais como dizer que o estupro e abuso de crianças em tendas de desabrigados é algo comum. “Posso testemunhar, no entanto, que em Kay Nou, centro comunitário do Viva Rio em Bel Air, que abrigou cerca de 2 mil pessoas entre 12 de janeiro e 8 de abril, foram raras as situações de violência doméstica.Temos uma brigada de 30 pessoas (...) que cuidam da ordem no campo sob a nossa gestão que contabilizaram menos de 3% desse crime. Fala-se de banditismo em Porto Príncipe como se fosse terra de ninguém.Bel Air é considerada Zona Vermelha, de acesso restrito a UNICEF ou PNUD (Nações Unidas para o Desenvolvimento).Mas após o Acordo de Paz entre facções da região, negociado pelo Viva Rio a violência tem diminuído sensivelmente.Em 2009, foram registrados 17 homicídios por 100 mil habitantes,taxa menor que encontrada em cidades como Kingston, Bogotá ou Rio de Janeiro.” O acordo é interessante porque premia com bolsas de estudo os bairros em que não estão ocorrendo homicídios e tem adesão geral da população. “Quando não há conflito, todos os bairros ganham, mas na violência, todos perdem, na importa onde, por quem e por que ela começou.” Em 2009 foram 4 meses sem nenhum homicídio.

O grande problema dessas cidades é que após o terremoto os grupos que evadiram das prisões, ocuparam certas regiões e trouxeram novamente os assaltos armados, disputa de facções,ataques a policiais...E as próprias lideranças do “Acordo de Paz” sentiram-se ameaçadas. Mas há um grande desejo de Paz que encontra seus parâmetros na linguagem dos Direitos Humanos.Há um grande avanço, “mas não pretendo projetar falso otimismo sobre as condições atuais de segurança no Haiti. As instituições são frágeis e os ganhos obtidos podem ser rapidamente perdidos.A resistência ás externalidades negativas carece de substância.

Agora é seguir-se a recuperação e reconstrução. A corrente de solidariedade não alcançaria os seus objetivos não fora o trabalho e a habilidade dos ativistas haitianos, que se organizam para bem receber e distribuir os bens que lhes chegam de toda parte.

Partes do texto de Rubem Cesar Fernandes (diretor executivo da ONG Viva Rio). Revista dos Direitos Humanos.n.6.Setembro 2010

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