domingo, 8 de agosto de 2010

Reflexão por Lenita Gripa

Eu vi! Eu ouvi...! Mas quem se apresenta para “descer” junto ao povo? (cf. Ex 3,7-8.10)


As enchentes do mês de junho/2010, que atingiram algumas cidades dos Estados de Pernambuco e de Alagoas, causaram impacto no mundo e provocaram nossa visita (Irmãs Rita Oechsler e Lenita Gripa) para, ‘in loco’, em nome da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas e Província Irmã Cléglia Âgnesi, ver a realidade, escutar os gritos do povo e, quem sabe, assumir uma ação concreta de solidariedade.

Fizemos a visita nos dias 28 a 31 de julho de 2010. Encontramos o povo em total desolação. Perderam a casa e tudo o que tinham dentro. Saíram, como dizem, com a “roupa do couro”. Estão vivendo em alojamentos improvisados, sem organização, sem liderança e sem alimentação.



Vimos as ruas cheias de lodo, de lama, com esgotos entupidos... intransitáveis. Depois de mais de um mês do ocorrido, os locais continuam como se aquele desastre tivesse acontecido ontem.

Contemplamos os destroços das residências, comércios, escolas, hospitais, igrejas... Tudo está como as águas deixaram: partes de paredes em pé, pedaços de muros, lodo... Diante delas, pessoas paradas, com olhar entristecido e desesperançado... permanecem aí, horas e horas fazendo memória de tudo o que havia ali, dos anos trabalhados para conseguir o pouco que possuíam e que foi levado num só dia.



Vimos o povo em filas, muitas filas para cadastros. As famílias são chamadas para fazer cadastros: uma fila para receber alimentação, outra, para colchão, outra, para casa, outra para fogão e, assim por diante. Cadastros, só cadastros... Não há explicação e nem prazo para receber qualquer coisa.

Contemplamos, com tristeza, a situação dos rios. Planta-se cana até no leito do rio. As encostas estão completamente destruídas. Dá a impressão de que o rio “perdeu o rumo”, não tem mais leito definido. O que se vê é lixo em toda parte!



Vimos... Ouvimos... e registramos algumas imagens, para que possam avaliar o tamanho da destruição e o profundo sofrimento do povo.

Pare um pouco! Contemple a imensa dor, ouça o clamor, na sessão de fotos e dê sua resposta, como a deu o próprio Deus: “Eu vi a miséria do meu povo... ouvi o seu clamor... e desci para libertá-lo. Por isso vá. Eu envio você... (cf. Ex 3,7-8.10).

Nós vimos o horror ... ouvimos o choro desesperado ... Este é o “gemido dos pobres, o grito da terra ferida, o clamor pela justiça e pela paz”! Agora lançamos o desafio: Quem se apresenta para descer e fazer, junto com o povo, a caminhada da libertação?


É preciso “apressar a hora da urgência que não permite esperar”. Não será esta, irmã, simpatizante, amigo, amiga a sua hora para a solidariedade?




Ir. Lenita Gripa

ACESSE: www.cicaf.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...