“Somos a própria natureza, por isso não
aceitamos sua destruição!”
De todos
os lugares do mundo foram chegando pessoas de diferentes povos e línguas. Todos
e todas com um mesmo sonho e utopia: colaborar para a construção de outra
sociedade, outro mundo marcado por mais respeito e cuidado para com toda
criação, nas suas diferentes formas.
O Rio de
Janeiro parece que ficou pequeno para tanta gente que se reuniu entre os dias
15 a 23 de junho. De um lado, as forças poderosas, os governantes das nações
que projetaram (ou não) linhas de ação tendo em vista a “salvação” do planeta
Terra. Até o momento, sabe-se que as conclusões apontam para a chamada
“economia verde”, uma forma mascarada de justificar as ações do capitalismo
mundial, que continua, de forma desenfreada, a manipular e destruir todas as
fontes de recursos naturais, oprimindo e dizimando povos, sem nenhum escrúpulo.
Os avanços desse lado são poucos, ou melhor, se existem favorecem ainda mais a
progressiva onda do consumismo e da busca por lucro.
De outro
lado, a Cúpula dos Povos, uma espécie de Fórum Social Mundial organizado de uma
forma diferente. Pareceu mais uma planície,
pois na “cúpula” mesmo estavam outros grupos decidindo os rumos da
humanidade. E esta planície foi palco
fértil de uma diversidade grande de organizações mundiais, entidades,
movimentos da sociedade civil e personalidades que deram um “basta” aos grandes
projetos que solapam a vida, como a hidrelétrica de Belo Monte, no Brasil, e outras
como as do Chile, do Peru, dentre outros tantos projetos.
Em todas
as tendas, distribuídas pelo Aterro do Flamengo, lugar de uma paisagem
esplêndida e de uma beleza impar, viam-se grupos organizados debatendo e
apresentando propostas sobre a questão das barragens, da justiça social, dos
direitos humanos, dos desastres sócio-ambientais, das mulheres e crianças, dos
quilombolas, dos catadores de material reciclável, da Via Campesina, do MST,
dos povos indígenas...
Os povos
indígenas deram um show à parte. A tenda onde se concentraram e realizaram o IX
Acampamento Terra Livre, reuniu mais de dois mil indígenas vindos de todas as
partes do Brasil e da AL. Seus debates e marchas foram diários, sempre
acompanhados por entidades de apoio. Os Pataxó Hã-Hã-Hãe sensibilizaram a
todos/as com seus cocares pintados de uma amarelo vivo, com suas danças, cantos
ritmados e os rituais sagrados.
Um dos
momentos marcantes se deu no dia 19, na praia do Flamengo, onde nos reunimos
mais de mil pessoas para formar um desenho humano – um globo com um indígena de
braço erguido em direção ao sol, e a inscrição “Rios para a Vida”. Todos
sentados nas areias, gritando palavras de ordem... Sentia-se um mesmo espírito
inundando a todos, com um mesmo grito que teimava em não ficar abafado:
precisamos lutar juntos para que o planeta e os povos todos tenham dignidade!
É o
movimento da natureza mobilizando milhares de pessoas... faz recordar uma
bonita canção do Roberto Carlos: Por isso
uma força me leva a cantar, por isso essa força estranha no ar. Por isso é que
eu canto, não posso parar, por isso essa voz tamanha...
Outros
momentos marcantes foram as grandes marchas pelas avenidas centrais do Rio e as
tentativas de sensibilizar a “cúpula” reunida na Rio+20. Estas foram diárias e
insistentes e reuniram milhares de pessoas, com faixas, bandeiras e muita
animação!
Foi muito
bom também poder se encontrar com várias de nossas irmãs das diferentes
províncias e religiosos/as da família franciscana.
E continua
a canção: Aquele que conhece o jogo do
fogo das coisas que são, é o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão...
Sim, o sol carioca foi ardente e
acolhedor. O pé ficou colado às estradas e ao chão sagrado que acolheu tamanha diversidade. O fogo das coisas, das lutas por mais vida
e pela irmandade universal ganhou força e seguirá acompanhando o movimento do
mundo!
Beatriz
C. Maestri, PICM
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